Inflação em Portugal: Proteja as suas poupanças
Está preocupado que o aumento da inflação afete o valor do seu dinheiro? Descubra aqui como proteger as suas poupanças contra a inflação.
8 Dicas para proteger as suas poupanças da inflação em 2025
Sente que, apesar de guardar cada cêntimo, o valor do dinheiro parece evaporar‑se mês a mês por causa da inflação? A inflação pode corroer o poder de compra se nada for feito para a combater.
Neste artigo, vai encontrar tudo o que precisa de saber sobre como esta funciona, como tem evoluído em Portugal e, sobretudo, 8 dicas práticas e detalhadas para proteger as suas poupanças em 2025.
Pronto para tornar as suas finanças pessoais mais resistentes?
O que é a inflação e como afeta o seu dinheiro
Imagine que guarda 100 euros debaixo do colchão. Daqui a um ano, ainda terá 100 euros, certo? Tecnicamente, sim. Mas na prática, o poder de compra desses 100 euros pode ser menor. Porquê? Por causa da inflação, que provoca o aumento generalizado dos preços de bens e serviços ao longo do tempo.
Como funciona a inflação?
A inflação é medida através do Índice de Preços do Consumidor (IPC), que acompanha a variação de preços de um cabaz de produtos e serviços essenciais, como alimentos, habitação, transportes e lazer. Quando o IPC sobe, significa que, em geral, é preciso gastar mais para manter o mesmo padrão de vida.
Por exemplo:
● Em 2020, um café custava cerca de 60 cêntimos;
● Em 2025, o mesmo café pode custar em média mais de 1 euro.
A diferença de mais de 40 cêntimos reflete a inflação acumulada nestes anos. Se as poupanças não renderem pelo menos este saldo, perdem poder de compra. É como se o dinheiro "derretesse" silenciosamente.
Para lá de perceber como funciona no dia a dia, convém perceber de que forma influencia o rendimento disponível.
Por exemplo, se tiver um depósito a prazo a 1 % ao ano e a inflação se fixar em 2,1 %, a taxa de juro real torna‑se negativa (‑1,1 %). Aquilo que à primeira vista parecia uma remuneração interessante deixa rapidamente de o ser.
Na prática, imagine que tem 10.000 € aplicados durante cinco anos a 1 %:
Após 5 anos, o valor nominal seria de 10.510 €, entretanto o valor real (descontando inflação média de 2,4 %) seria de 9.335 €, ou seja, uma redução de 665 € no poder de compra.
É por isso que proteger as poupanças não significa apenas procurar rentabilidade, mas superar a inflação.
Por que a inflação preocupa tanto?
A inflação moderada (entre 2-3% ao ano) é normal e até saudável para a economia. O problema surge quando os preços disparam de forma descontrolada, como aconteceu em 2022-2023, com taxas superiores a 8% na Europa.
Nestes casos:
● As famílias têm dificuldade em acompanhar os gastos;
● As empresas aplicam custos mais altos aos consumidores;
● As poupanças em contas tradicionais perdem valor real.
Por isso, para evitar surpresas, é essencial adaptar estratégias financeiras.
Como está a inflação em Portugal?
Em abril de 2025, de acordo com o INE, a taxa de variação homóloga do IPC em Portugal acelerou para 2,1 %Você será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela, face aos 1,9 % registados em março. A variação mensal foi de 0,7 %, contra 1,4 % no mês anterior.
O indicador de inflação subjacente manteve-se também em 2,1 %, refletindo que o aumento dos preços não se ficou apenas pelas componentes mais voláteis. Nos últimos 12 meses, a inflação média ronda os 2,4 %.
Esta evolução mostra que, embora o ritmo da inflação tenha abrandado em alguns momentos, em 2025 continua acima do objetivo de 2 % definido pelo Banco Central EuropeuVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela , afetando diretamente o valor das poupanças.
Apesar da desaceleração frente aos anos anteriores, os preços de alguns produtos e serviços (como carne, peixe ou eletricidade) continuam acima da média. Isso significa que, mesmo com inflação controlada, o impacto acumulado dos últimos anos ainda pesa na carteira.
Quais os setores mais afetados?
● Alimentação: aumento superior a 25% no cabaz alimentar desde 2022Você será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela ;
● Habitação: energia e gás subiram entre 2024 e 2025, 9% e 6,9% respetivamenteVisualize o ficheiro PDF numa nova janela;
● Serviços: restauração e turismo ajustaram preços pós-pandemia.
Para famílias, isto traduz-se em escolhas difíceis: reduzir consumo, procurar promoções ou reavaliar prioridades. Mas há alternativas. Por exemplo, poupar na alimentação ou reduzir a fatura de energia podem compensar parte dos efeitos da inflação, além de outras que veremos a seguir.
Como proteger as suas poupanças da inflação: 8 dicas
Agora que já se entende o cenário, é hora de agir. Estas estratégias ajudam não só a preservar o valor do dinheiro, mas também a aproveitar oportunidades em tempos de incerteza.
Diversificar investimentos
Deixar todo o dinheiro numa conta à ordem é como jogar pelo seguro… mas é perder a corrida para a inflação. Soluções como fundos de investimento ou produtos indexados a ativos reais (ouro, imobiliário) tendem a render acima da inflação a longo prazo.
Por que funciona?
Ativos como ações ou obrigações corporativas oferecem retornos potencialmente mais altos que depósitos a prazo. Mesmo com riscos, uma carteira diversificada reduz a volatilidade.
Se ainda não sabe como começar, aceda ao nosso guia e aprenda a investir com confiança .
Aproveitar contas poupança com taxas mais competitivas
Nem todas as contas poupança são iguais; vale a pena comparar soluções que aliem segurança e rentabilidade. Embora proporcionem um rendimento inferior ao dos fundos de investimento, continuam a ser uma forma segura de rentabilizar o dinheiro.
Procura uma forma de fazer crescer as suas poupanças? Descubra as soluções de poupança do ABANCA .
Reduzir despesas fixas
Cortar gastos liberta mais dinheiro para investir. Avalie introduzir pequenas mudanças como:
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Planear refeições
Um planeamento cuidadoso das refeições semanais ajuda a poupar alguns euros ao longo da semana. Aplique tempo a definir um menu semanal e faça uma lista de compras baseada nele, comprando apenas o necessário. Assim evita compras por impulso e reduz o desperdício alimentar. Por exemplo, cozinhe em quantidade e congele porções para outros dias, o chamado meal prep, garantindo almoços/jantares caseiros, em vez de gastar em take-away durante a semana. Planeando e aproveitando sobras, controla melhor os gastos de alimentação e evita deitar comida (e dinheiro) fora. -
Comprar produtos da época e de mercados locais
Frutas, legumes e peixe da estação costumam ser mais baratos e frescos. Em vez de comprar morangos ou tomates em pleno inverno (quando são importados e caros), consuma os que estão em colheita nesta altura. Visite mercados municipais e produtores locais; muitas vezes, os preços em mercados de bairro ou diretamente do produtor (feiras, cabazes semanais) são inferiores aos do supermercado, especialmente em final de feira quando há saldos para escoar produtos perecíveis. Negociar diretamente com pequenos agricultores ou aderir a grupos de compra comunitária pode garantir alimentos de qualidade a custo menor. -
Aproveitar promoções de supermercado
Fique atento aos folhetos digitais e apps de supermercados para identificar promoções relevantes para si (em vez de comprar algo só porque está em promoção). Utilize cartões de fidelização, eles oferecem descontos diretos ou saldo em compras futuras nos produtos que mais consome. Por exemplo, muitos portugueses acumulam saldo no cartão do supermercado ao comprar artigos do dia a dia e depois usam este saldo para abater na fatura mensal de compras. Combine isto com descontos por quantidade (ex.: leve 2 pague 1) em produtos não perecíveis que use regularmente.Assim, consegue preços unitários bem mais baixos sem desperdiçar nada.
Outra dica:ao fim do dia, secções de frescos como padaria, talho e peixaria costumam pôr artigos restantes em promoção – aproveite essas reduções de última hora para comprar pão, carne ou peixe para congelar mais barato.
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Optar por marcas brancas
Já sabemos que sai mais barato que comprar marcas famosas. Mas além disso, esteja atento a alternativas pouco conhecidas que podem ser ainda mais em conta: por exemplo, produtos a granel (arroz, feijão, especiarias) em mercados ou lojas específicas costumam ter preço inferior por kg e permitem comprar só a quantidade necessária. Outra ideia é comparar preços por unidade/peso nas prateleiras, às vezes, uma embalagem familiar sai bem mais em conta por unidade do que as pequenas. -
Avaliar tarifas de energia para consumo inteligente
Se tem muita utilização elétrica à noite, considere aderir a uma tarifa bi-horária de eletricidade. Com este plano, a energia consumida em horas de vazio (normalmente à noite e fins de semana) é bem mais barata.Concentrar consumos intensivos fora das horas de pico permite poupanças significativas na conta da luz. Informe-se junto do seu fornecedor ou em sites comparadores para ver se a tarifa bi-horária compensa no seu caso e qual a melhor opção. Ajustar hábitos de consumo ao relógio é uma medida pouco evidente para muitos, mas que pode baixar a conta mensal sem reduzir a utilização.
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Cortar os “consumos fantasma” de eletricidade
Muitos aparelhos continuam a gastar energia mesmo em stand-by (modo de espera). Televisores, boxes de TV, micro-ondas com visor, carregadores esquecidos na tomada; esse consumo silencioso pode representar até 10% da fatura elétrica de uma casa. A solução é simples: desligue por completo o que não estiver a uso. Use extensões de tomadas com interruptor para desligar vários equipamentos de uma só vez durante a noite ou quando sai de casa. Este cuidado vai cortar aqueles euros “invisíveis” que todos os meses encarecem a fatura. Em paralelo, troque todas as lâmpadas para LED. Estas gastam até 80% menos que incandescentes e duram muito mais. -
Reavaliar o crédito habitação
Para quem tem casa própria comprada com empréstimo, a inflação recente veio acompanhada de subida das taxas de juro (Euribor), aumentando bastante as prestações. Se se encontra nesta situação, há algumas saídas: primeiro, fale com o seu banco para renegociar condições do crédito: pode pedir alargamento do prazo para baixar a prestação mensal (tenha em conta que pagará mais juros no total, mas alivia o imediato) ou tentar obter uma taxa fixa se achar que as taxas vão subir mais.Segundo, pondere fazer transferência de crédito para outro banco que ofereça um spread menor. Caso esteja a considerar esta alternativa, vai querer conhecer as vantagens que temos para si. Descubra as soluções de crédito de habitação ABANCA .
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Analisar gastos “invisíveis” com entretenimento digital
Tem múltiplas subscrições ativas (Netflix, HBO, Spotify, Disney+, jogos online, etc.)? Somadas, podem representar dezenas de euros por mês. Considere uma estratégia de plano mensal para maior rotatividade: subscreva um serviço de streaming de cada vez, num mês vê as séries do Netflix, no próximo cancela e ativa a HBO para ver outras, e assim sucessivamente.Em serviços de streaming como o da Amazon, os planos anuais tendem a permitir poupar mais dinheiro; por isso, caso opte por esta opção, confirme se a alternativa é a que melhor se adequa às suas necessidades.
No caso de plataformas de música, avalie se pode ficar no plano gratuito do Spotify/YouTube Music (com anúncios) em vez de premium, ou então partilhar uma conta familiar com familiares próximos ou amigos.
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Otimizar o pacote de telecomunicações
Muitos portugueses pagam pacotes “todo-em-um” (TV+Net+Voz+Telemóvel) com centenas de canais que não veem e franquias de dados que não usam. Analise a sua fatura: está a pagar por serviços desnecessários? Por exemplo, se raramente usa o telefone fixo, veja se há pacote sem telefone ou peça para remover chamadas ilimitadas. Se tem 200 canais mas só vê 10, considere um pacote básico de TV (ou mesmo viver só de streaming/antena digital), as operadoras têm opções mais baratas que não costumam divulgar ativamente. Negocie também a sua internet: precisa mesmo de 500 Mbps? Talvez 100 Mbps sejam suficientes para a sua utilização (streaming e navegação comuns), e custam menos. Não tenha receio de ligar para a operadora e pedir para rever o contrato.
Aumentar fontes de rendimento passivo
Aluguer de um quarto, dividendos de ações ou rendimentos de crowdfunding imobiliário são formas de compensar a inflação.
Investir em certificados de aforro
Com a substituição da série E pela F, o valor mínimo de subscrição é agora de 100 unidades (100 euros) e o máximo eleva‑se a 50 000 euros.
A taxa base é de 2,5 %, à qual se soma um prémio de permanência que começa nos 0,25 % entre o segundo e o quinto ano e pode atingir um acréscimo total de 1,75 % nos dois últimos anos do prazo.
A série F distingue‑se das anteriores por admitir um horizonte de subscrição mais longo: até 15 anos.
A subscrição faz‑se online, através do AforroNet, ou presencialmente nos balcões dos CTT e nos seis Espaços Cidadão habilitados. Confirme com o seu banco se é possível aderir aos certificados de aforro da série F.
Mesmo com uma rentabilidade inferior às séries passadas, continua a ser uma forma de proteger os rendimentos face à inflação.
Considerar o Imobiliário
Investir em propriedades pode ser uma proteção contra a inflação, já que os preços de arrendamento e venda tendem a subir com os custos gerais.
Reforçar o capital humano para aumentar o rendimento
Combater a inflação não passa só por cortar despesas ou investir; passa também por aumentar o rendimento. Cursos de curta duração, certificações digitais ou formações em línguas melhoram a empregabilidade e o salário, gerando capacidade adicional de poupança.
Dica prática: negociar com a entidade patronal co‑financiamento de formações pode significar zero custo pessoal.
Diversificação geográfica e cambial
Ter 5 %‑10 % dos ativos noutras moedas (franco suíço, libra) ou fundos globais reduz o risco de inflação específica do euro. Se o euro desvalorizar, os ativos noutras divisas protegem valor real.
Resumidamente, enfrentar a inflação em Portugal em 2025 exige uma combinação de conhecimento, disciplina e estratégia. A diversificação, a revisão constante da gestão financeira e a adoção de produtos indexados à inflação são pilares para proteger as poupanças.
Portanto, comece hoje mesmo a implementar estas 8 dicas e garanta que o valor do seu dinheiro cresce, mesmo quando os preços sobem!