Quem é Álvaro Santos Pereira? O novo governador do BdP

O Banco de Portugal (BdP) vai ter nova liderança. No passado dia 24 de julho de 2025, o Governo confirmou a escolha do economista Álvaro Santos Pereira como novo Governador do Banco de Portugal, sucedendo a Mário Centeno.

A nomeação abre um novo ciclo na supervisão financeira do país e levanta expectativas sobre o rumo da economia de Portugal nos próximos anos.

Neste artigo, damos a conhecer quem é Álvaro Santos Pereira e quais as suas principais posições sobre juros, inflação, crescimento económico e estabilidade financeira em Portugal.

Quem elegeu o Governador do Banco de Portugal

O processo de escolha do Governador do Banco de Portugal coube ao atual Governo português, nomeadamente através de resolução do Conselho de Ministros, mediante proposta do Ministério das Finanças.

A nomeação foi depois sujeita a audição parlamentar, embora a Assembleia da República não tenha poder de veto, limitando-se a emitir um parecer fundamentado. Álvaro Santos Pereira deverá ser ouvido no Parlamento em setembro de 2025, antes de tomar posse em definitivo.

Apenas depois da sua audição parlamentar é que a resolução final do Conselho de Ministros poderá formalizar a nomeação de Álvaro Santos Pereira como Governador do Banco de Portugal em funções.

O mandato do Governador do Bdp será de 5 anos, renovável, e dá acesso automático ao Conselho do Banco Central EuropeuVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela, onde são definidas as orientações de política monetária da zona euro.

Quem é Álvaro Santos Pereira?

Álvaro Santos Pereira nasceu em Viseu, em 1972, e é um economista português , com dupla nacionalidade portuguesa e canadiana.

Atualmente tem 53 anos, é licenciado em economia pela Universidade de Coimbra, mestre pela Universidade de Exeter na Inglaterra e doutorado em Economia pela Simon Fraser University, em Vancouver, Canadá.

Antes de ingressar na vida política, Álvaro exerceu uma carreira académica como professor em universidades internacionais, onde lecionou Desenvolvimento Económico e Política Económica na Simon Fraser University e na University of British Columbia, bem como Economia Europeia e Desenvolvimento Económico na Universidade de York, no Reino Unido.

Entre os anos de 2011 e 2013 foi Ministro da Economia e do Emprego no governo de Pedro Passos Coelho, durante o período da “troika”, ficando associado a reformas estruturais e políticas de austeridade.

Após a sua experiência em funções políticas, regressou à carreira internacional e, em 2014, assumiu funções de destaque na OCDEVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela , organismo onde ganhou maior projeção europeia e alcançou o cargo de economista-chefe.

Álvaro Santos Pereira, possui uma carreira na área da economia com experiência académica, governativa e internacional, tendo sido nomeado em julho de 2025 para suceder a Mário Centeno como novo Governador do Banco de Portugal.

Que políticas defende?

Ao longo da sua carreira, tanto académica como política, Álvaro Santos Pereira tem defendido uma visão pragmática da economia: reconhecer a importância da disciplina orçamental e da estabilidade financeira, mas sem perder de vista o impacto social das medidas económicas. A sua postura é frequentemente descrita como moderada, procurando equilíbrio entre rigor e crescimento económico.

Álvaro Santos Pereira defende também reformas estruturais para impulsionar o crescimento económico de Portugal. No campo da política monetária, valoriza a função estabilizadora do Banco Central Europeu (BCEVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela) , mas alerta para os riscos de políticas demasiado agressivas, sobretudo no que toca às taxas de juro e ao poder de compra das famílias.

Destaca também a importância da resiliência do sistema bancário e da confiança dos mercados para tentar assegurar uma economia portuguesa estável e competitiva.

Taxas de juro e inflação

O novo Governador do Banco de Portugal não é visto como um defensor de políticas monetárias excessivamente restritivas. Pelo contrário, sublinha a importância de avaliar os impactos sociais e económicos das taxas de juro.

Durante a época da pandemia, Álvaro destacou o papel decisivo do Banco Central Europeu (BCE) no apoio às economias, defendendo que medidas excecionais ajudaram a ganhar tempo e a mitigar os choques do confinamento.

Mais recentemente, alertou para os riscos de uma subida rápida das taxas de juro, considerando que poderia agravar as dificuldades das famílias e das empresas. Reconhece, contudo, que é fundamental controlar a inflação, pois a mesma chegou a atingir valores preocupantes nos últimos anos, mas defende uma abordagem equilibrada, de modo a evitar que o combate à inflação se faça à custa do crescimento económico.

O economista demonstra também uma preocupação com a perda de rendimentos e poder de compra dos portugueses, considerando que a inflação descontrolada é uma ameaça significativa.

Com base nas posições que tem defendido no passado, é expectável que o líder do BdP adote uma abordagem cautelosa no combate à inflação. Em vez de medidas demasiado agressivas, deverá procurar avaliar os efeitos das políticas monetárias na economia real e no mercado de trabalho.

A sua postura indica uma tentativa de equilibrar o controlo da inflação com a promoção de um crescimento económico sustentável, salvaguardando ao mesmo tempo a competitividade do poder de compra das famílias portuguesas.

Em declarações públicas, admitiu que uma pausa nos cortes das taxas de juro pode ser necessária se a inflação voltar a mostrar sinais de pressão.

Álvaro Santos Pereira enfatiza ainda a importância de considerar os impactos das alterações nas taxas de juro na economia real e no emprego, sugerindo uma postura mais cautelosa e equilibrada na condução da política monetária.

Estabilidade financeira

No que diz respeito à estabilidade financeira do país , a sua margem de manobra imediata será limitada, já que não poderá alterar a composição da administração do Banco de Portugal. A maioria dos cargos de direção foi nomeada no anterior mandato e permanecerá em funções durante vários anos.

Ainda assim, o novo governador terá um papel central na supervisão bancária e na representação de Portugal no Conselho de Governadores do BCE, onde se decidem as orientações estratégicas para toda a zona euro.

Álvaro Santos Pereira em várias declarações enfatiza a importância de equilibrar medidas de despesa com medidas compensatórias, destacou que "o mais importante é que, se houver medidas de despesa, tem de haver medidas compensatórias". Além disso, alerta também para a necessidade de continuar a redução da dívida pública de Portugal, afirmando que "o que é importante é que a dívida continue a baixar".

O que pode mudar na economia de Portugal?

A nomeação de Álvaro Santos Pereira para a liderança do BdP visa proporcionar uma renovação e dar maior independência institucional ao Banco de Portugal.

Com a sua experiência internacional, espera-se que adote uma postura moderada e técnica, capaz de equilibrar a necessidade de estabilidade financeira com políticas que apoiem o crescimento económico e a confiança dos cidadãos.

Para as famílias, isto poderá traduzir-se em decisões sobre taxas de juro mais ponderadas, com impacto direto nas prestações do crédito à habitação. Para as empresas, pode significar um ambiente mais previsível em termos de financiamento e de acesso a crédito, elementos fundamentais para o investimento e competitividade da economia de Portugal.

Qual o ordenado do Governador do Banco de Portugal?

De acordo com os valores mais recentes divulgados no site oficialVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela do próprio Banco de Portugal (BdP), a remuneração mensal do cargo de Governador corresponde a 19 496,39 euros.

Em 2024, esse valor era de 18 177,18 euros, o que representa um aumento de7,26% em 2025. Além disso, segundo a tabela de remunerações do Conselho de Administração do Banco de Portugal, o salário do Governador é atualizado anualmente.

Agora que conhece melhor a visão e opiniões economicas de Álvaro Santos Pereira, tem uma ideia do que esperar da liderança do novo Governador do Banco de Portugal e da estabilidade financeira do país.

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