Trabalhador Independente: saiba como organizar a sua poupança
Trabalha por conta própria? Conheça dicas de poupança adaptadas ao seu regime e saiba como gerir as suas poupanças com maior segurança financeira.
Trabalhar por conta própria pode oferecer liberdade e autonomia, mas também exige uma gestão financeira responsável e rigorosa. Sem certeza de rendimentos mensais fixos, sem subsídio de férias ou 13.º mês, e com encargos regulares a cumprir, poupar dinheiro pode tornar-se uma tarefa difícil. No entanto, com o planeamento certo, é possível alcançar estabilidade e segurança financeira mesmo sendo trabalhador independente ou Empresário em Nome Individual (ENI).
Neste artigo, partilhamos dicas práticas de poupança adaptadas à realidade de quem optou por trabalhar por conta própria, ajudando-o a organizar as suas finanças pessoais e a criar uma poupança sólida para o futuro.
Como trabalhar por conta própria e ganhar dinheiro para poupar
Quem decide trabalhar por conta própria, seja como trabalhador independente ou ENI, pode fazê-lo em diversas áreas, desde serviços digitais, consultoria, artes, restauração ou pequenos negócios para trabalhar por conta própria.
A liberdade é grande, mas exige uma gestão financeira disciplinada. Para começar a poupar dinheiro deve criar um fluxo de rendimento equilibrado, capaz de cobrir despesas, permitir investimento no negócio e garantir uma margem para poupança.
O primeiro passo é compreender que a poupança deve fazer parte do seu orçamento mensal. Mesmo que os rendimentos variem, é importante definir uma quantia fixa ou uma percentagem dos ganhos para colocar de lado todos os meses. Ao incluir a poupança no seu planeamento financeiro, garante que consegue criar uma reserva regular e consistente, em vez de depender apenas do que possa sobrar no fim do mês.
Observe os ganhos dos últimos meses e use a média como referência para o seu orçamento, separe sempre as contas pessoais das profissionais. Mais importante ainda: trate a poupança como uma “despesa obrigatória”, e transfira para a poupança um valor definido por si, logo após receber o seu rendimento. Mesmo pequenas quantias, se aplicadas de forma regular, contribuem para construir estabilidade e segurança financeira ao longo do tempo.
Organize as suas finanças pessoais e rendimentos
Gerir rendimentos irregulares é um dos maiores desafios de um trabalhador por conta própria. Há meses em que o trabalho abunda e outros em que os rendimentos demoram a chegar.
Essa instabilidade a nível mensal pode dificultar a gestão do dia a dia, o pagamento de despesas fixas e a criação de hábitos de poupança consistentes. A melhor forma de lidar com essa instabilidade é através de uma organização estruturada, a solução passa por implementar uma organização financeira sólida, que lhe permita planear com antecedência e reagir melhor às variações de rendimento.
Defina um orçamento adaptado ao rendimento variável
O primeiro passo para organizar as suas finanças pessoais é definir um orçamento que seja realista.
Comece por analisar os seus rendimentos e despesas dos últimos meses. Identifique o valor médio que costuma receber e o montante mínimo que tem garantido. A partir dessa análise, defina um orçamento mensal com base no rendimento mais baixo, de forma a assegurar que consegue cumprir todas as suas obrigações mesmo nos períodos de menor atividade.
Em seguida, classifique as suas despesas em três grupos:
● Essenciais, como renda, alimentação, transportes e contribuições;
● Variáveis, como lazer, compras pessoais e pequenos extras;
● Profissionais, como software, formação ou material de trabalho.
Este exercício ajuda a perceber onde pode cortar, o que é prioritário e quanto pode destinar à poupança.
Outro passo importante é separar as finanças pessoais das profissionais. Ter uma conta bancária exclusiva para a atividade como trabalhador independente permite acompanhar melhor os fluxos de entrada e saída, prever encargos e preparar o pagamento de impostos. Assim, torna-se mais fácil saber quanto pode “pagar a si próprio” e quanto deve reinvestir no negócio.
Por fim, crie um plano mensal de poupança e reserva de emergência. Comece por definir quanto consegue poupar todos os meses, mesmo que seja um valor pequeno, e mantenha essa rotina de forma consistente. O objetivo é acumular um fundo que cubra entre três a seis meses das suas despesas essenciais, para que possa lidar com imprevistos sem comprometer o equilíbrio das suas finanças pessoais. A longo prazo esta reserva tornar-se-á uma base de segurança e tranquilidade.
Como poupar dinheiro mensalmente mesmo com instabilidade
Poupar com rendimentos variáveis é possível, desde que exista consistência e planeamento. De acordo com o estudo Managing Personal Finances and Budgeting realizado pela universidade de MinnesotaVisualize o ficheiro PDF numa nova janela , para quem tem rendimentos incertos é recomendado definir uma percentagem mínima do seu rendimento, idealmente estabelecida entre os 5 - 10 %, destinada a uma poupança de curto e longo prazo (inclui fundo de emergência, metas, etc), mantendo sempre esse valor todos os meses. Se o rendimento for superior, aproveite para reforçar o montante poupado.
Automatizar o processo também pode ser uma grande ajuda. Configure transferências automáticas para uma conta poupança assim que o pagamento entra na conta bancária profissional. Dessa forma, evita a tentação de gastar o valor e transforma a poupança num hábito fixo.
Outra boa prática é registar todas as despesas, usando uma folha de cálculo ou uma aplicação de gestão financeira. Por exemplo, a app Mobile Banking do ABANCA incorpora ferramentas úteis de planeamento e controlo financeiro, que o podem ajudar a organizar as suas finanças pessoais e gerir melhor o orçamento mensal.
Fazer esta gestão permite perceber para onde está a ir o dinheiro e identificar gastos desnecessários que podem ser reduzidos. Mesmo pequenas poupanças, acumuladas de forma disciplinada, fazem diferença ao longo do tempo.
Por fim, planeie as suas finanças a pensar nos períodos de menor rendimento. Crie uma reserva que cubra pelo menos três meses de despesas fixas, será essa margem que o protegerá nos momentos de menor atividade.
Dicas de poupança para quem trabalha por conta própria
A poupança de um trabalhador por conta própria deve ser estratégica e ajustada à imprevisibilidade deste regime.
Se é trabalhador independente ou empresário em nome individual, deve adotar hábitos financeiros que promovam estabilidade, mesmo nos períodos de menor rendimento. Eis algumas dicas de poupança que o podem ajudar a evitar surpresas no final do mês:
Aproveite os meses de maior rendimento para criar estabilidade
Quando se começa a trabalhar por conta própria haverá meses mais fortes e outros em que o trabalho abranda. Isso significa que os seus rendimentos mensais podem ser irregulares, com períodos de maior ganho a alternar com fases de menor entrada de dinheiro, o que exige uma boa gestão financeira e alguma capacidade de poupança para equilibrar as contas durante o ano.
Para evitar que essa irregularidade comprometa o orçamento, é importante usar os períodos de maior faturação a seu favor.
Sempre que tiver um mês mais rentável, reserve de imediato uma parte do rendimento para compensar os meses menos produtivos. Esta estratégia ajuda a manter a estabilidade financeira e evita recorrer a crédito ou sacrificar a poupança quando o rendimento diminui.
Para facilitar, pode criar uma conta poupança separada dedicada exclusivamente a este fim. Assim, consegue manter o controlo do seu dinheiro e garantir maior tranquilidade ao longo do ano. Saber qual é o valor mínimo necessário para cobrir as suas despesas essenciais, como renda, alimentação e contribuições, é necessário para definir quanto deve reservar em cada mês.
Gerir o dinheiro de forma eficaz vai além da disciplina, exige planeamento e estratégia. Ao antecipar despesas e organizar o orçamento, pode enfrentar os meses mais difíceis sem comprometer a sua estabilidade financeira nem os seus objetivos.
Reserve parte dos rendimentos para impostos e cumpra obrigações fiscais
Um dos erros mais comuns entre trabalhadores independentes é esquecer de reservar parte do rendimento para pagar impostos e contribuições à Segurança Social. Essa falta de planeamento pode causar dificuldades financeiras e até levar ao pagamento de coimas por incumprimento.
Para evitar incomprimentos, pode ser benéfico criar uma conta bancária separada apenas para este fim e transferir automaticamente entre 25% e 30% de cada rendimento recebido. Assim, quando chegar o momento de liquidar o IVA, o IRS ou as contribuições mensais, o valor já estará disponível.
Além disso, é de extrema importância manter-se atento aos prazos das obrigações fiscais e contributivas. Faça um calendário mensal com as datas-limite e ative alertas ou notificações para não deixar passar nenhum pagamento. Pode consultar as informações mais atualizadas na Agenda Fiscal do Portal das FinançasVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela e no site da Segurança Social DiretaVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela, no separador dos Trabalhadores Independentes.
Com estas medidas simples, garante uma gestão mais organizada, evita penalizações e mantém as suas finanças pessoais em equilíbrio ao longo do ano.
Se é Trabalhador Independente, Profissional Liberal ou Empresário em Nome Individual (ENI), aproveite as nossas vantagens e abra a sua conta para domiciliar os pagamentos à Segurança Social.
O ABANCA disponibiliza uma oferta válida para novos clientes ou para aqueles que não tenham domiciliado pagamentos à Segurança Social nos últimos 12 meses. Ao abrir conta e domiciliar os pagamentos mensais à Segurança Social, CPAS ou CGA através do Débito Direto SEPA, com um mínimo de 50€ por mês, recebe 350€ como incentivo assim que o primeiro pagamento for efetuado. Conheça todos os detalhes e condições da campanha.
Prepare a reforma desde cedo
Quando se trabalha por conta própria, é fundamental começar a planear a reforma o mais cedo possível. Como não existe uma entidade empregadora a contribuir para o seu futuro, cabe-lhe a si garantir uma poupança e um planeamento financeiro individual que lhe assegurem estabilidade na fase da reforma.
Além das contribuições obrigatórias para a Segurança Social, que garantem uma pensão base, é recomendável reforçar a poupança através de complementos, como Planos Poupança Reforma (PPR), seguros de capitalização ou fundos de investimento adaptados ao seu perfil de risco.
Investir pequenas quantias de forma regular pode fazer uma grande diferença a longo prazo, sobretudo se começar cedo. O efeito dos juros compostos permite que o valor poupado cresça de forma mais significativa com o passar dos anos.
Também é aconselhável rever periodicamente a sua estratégia de poupança para a reforma, ajustando o montante investido, a rentabilidade esperada e o nível de risco, à medida que a sua situação profissional ou financeira evolui. Ao encarar este planeamento como parte da sua rotina financeira, está a contribuir para uma maior segurança e tranquilidade quando terminar a atividade profissional.
Crie um fundo de emergência
Possuir um fundo de emergência é essencial para quem trabalha de forma independente. Idealmente, este fundo deve cobrir entre três a seis meses de despesas fixas.
O fundo de emergência serve como uma almofada financeira em períodos de menor rendimento, imprevistos ou quebras de atividade, situações bastantes comuns para quem é trabalhador por conta própria. Ter este fundo permite assegurar tranquilidade e evitar recorrer a crédito, que pode gerar encargos adicionais e comprometer o equilíbrio das finanças pessoais.
Idealmente, o fundo deve cobrir entretrês a seis meses de despesas fixas, incluindo habitação, alimentação, transportes e contribuições obrigatórias. Pode construí-lo de forma gradual, transferindo mensalmente uma percentagem dos rendimentos, mesmo que pequena, para uma conta poupança separada e de fácil acesso.
Conheça aqui as várias soluções de poupança que o ABANCA tem para lhe oferecer.
Uma poupança acumulada além de funcionar como uma rede de segurança, também lhe proporcionará uma margem para tomar decisões com maior estabilidade e confiança,sem depender de empréstimos ou de rendimentos imediatos.
Como alcançar maior segurança financeira ao trabalhar por conta própria
A segurança financeira de um trabalhador por conta própria assenta em três fatores fundamentais: planeamento, controlo e poupança. Para assegurar estabilidade e crescimento, é importante adotar algumas boas práticas:
● Registe todas as despesas e receitas: manter um controlo atualizado ajuda a compreender melhor os fluxos financeiros, identificar padrões de consumo e perceber onde é possível cortar custos ou investir mais.
● Separe as contas pessoais das profissionais: além de simplificar a contabilidade e o cumprimento de obrigações fiscais, esta prática permite uma visão mais realista dos lucros e da sustentabilidade do negócio.
● Crie reservas financeiras: ter um fundo de emergência e uma conta específica para impostos evita surpresas desagradáveis e proporciona segurança em períodos de menor rendimento.
● Invista na sua formação contínua: atualizar conhecimentos, aprender novas competências e acompanhar as tendências do setor aumenta a competitividade e o valor do seu trabalho.
● Diversifique as fontes de rendimento: combine diferentes tipos de serviços, produtos ou parcerias para reduzir o risco e garantir maior estabilidade financeira a longo prazo.
Qual a melhor área para se trabalhar por conta própria?
Não existe uma resposta única. As melhores áreas para trabalhar por conta própria dependem das competências, experiência e do mercado. Profissões digitais, consultoria, design, marketing e contabilidade são algumas das opções com procura crescente.
O importante é escolher uma atividade profissional que seja adequada às suas competências ou formação, que combine paixão, rentabilidade e estabilidade.
No entanto, embora não exista uma única resposta, segundo um estudo da ZaaskVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela, um marketplace online de serviços locais. Em Portugal existem algumas áreas com maior procura entre trabalhadores independentes, destacando-se pela elevada demanda de clientes
De acordo com os dados da Zaask, existem três áreas de trabalho por conta própria com forte crescimento desde 2018: contabilidade, advocacia e design de marca/web design.
● Contabilidade: Os serviços mais procurados incluem IRS, recibos verdes, Segurança Social e consultoria financeira para particulares ou pequenas empresas.
● Advocacia: áreas em destaque são direito de família, imobiliário e criminal, refletindo uma procura constante por apoio jurídico especializado.
● Design de marca e web design: pedidos concentram-se em design gráfico, identidade visual e imagem de marca, mas também abrangem web design e design de aplicações, entre outros serviços digitais com forte potencial para trabalho remoto.
Estes dados evidenciam que, embora existam várias profissões adequadas para quem quer começar a trabalhar por conta própria, é recomendado escolher uma área de trabalho que una competências, interesse e rentabilidade, de modo a garantir um projeto sustentável a longo prazo.
Trabalhadores independentes têm direito ao subsídio de desemprego?
Apesar de trabalhar por conta própria implicar rendimentos variáveis, os trabalhadores independentes podem, em determinadas condições, ter direito a um subsídio de desemprego, também conhecido como subsídio por cessação de atividade.
O trabalhador independente pode ter acesso a apoios sociais, incluindo o subsídio por cessação de atividade, desde que cumpra os requisitos definidos pela Segurança SocialVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela, como o pagamento regular das contribuições e um período mínimo de descontos.
Entre os critérios necessários para ter acesso ao subsídio por cessação de atividade estão:
● Pagamento regular das contribuições à Segurança Social;
● Cumprimento de um período mínimo de descontos, que varia consoante a situação específica do profissional;
De modo a garantir o direito a estes apoios, é fundamental manter a contabilidade organizada e atualizada, registando corretamente todas as receitas e despesas. Além disso, estar informado sobre os prazos e procedimentos da Segurança Social ajuda a evitar problemas ou atrasos no processamento do subsídio.
O subsídio por cessação de atividadeVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela funciona como uma rede de segurança para períodos em que o trabalhador independente ou empresário em nome individual não consiga exercer a sua atividade ou que esta se torne inviável.
Por isso, conhecer os requisitos, planear antecipadamente e manter uma contabilidade clara são passos indispensáveis para assegurar este direito.
Poupar tona-se mais fácil para trabalhadores independentes com contabilidade organizada
Em suma, manter uma contabilidade organizada é essencial para a sustentabilidade financeira de quem opta por trabalhar por conta própria. Controlar receitas, despesas e obrigações fiscais permite planear melhor, evitar surpresas e encontrar margem para poupança.
Utilizar software de gestão ou recorrer a um contabilista pode simplificar esta tarefa, garantindo que as suas finanças pessoais estão sempre em ordem.
Com disciplina, planeamento e as estratégias certas, é possível trabalhar por conta própria, alcançar estabilidade e construir um futuro financeiro seguro.