Legislativas 2025: que mudanças esperar na economia?
Descubra que mudanças económicas podem ocorrer em Portugal após a eleição do novo governo. Saiba que medidas podem impactar diretamente a sua vida financeira.
Saiba de que forma o resultado das eleições o pode afetar economicamente
As Legislativas 2025 que decorreram no passado mês de maio, trouxeram uma nova configuração política para Portugal e, com ela, muitas dúvidas sobre o futuro económico do país.
A escolha dos portugueses nas urnas não afeta apenas a composição da Assembleia da República, também tem impacto direto na economia, nos impostos, nos apoios sociais, na habitação e até no rendimento das famílias.
Neste artigo, explicamos como o resultado das eleições pode interferir no seu dia a dia financeiro e o que esperar da economia de Portugal nos próximos anos.
Porque é que as eleições influenciam a economia?
Os resultados das passadas eleições legislativas irão agora ter um impacto direto na economia, dado que determinam quem governa e que políticas públicas serão implementadas durante os próximos 4 anos. Esta decisão tomada nas urnas pode afetar desde os impostos até aos apoios sociais do país.
Mudanças de governo costumam trazer novas prioridades e medidas económicas, orçamentais e sociais, o que influencia diretamente:
● A carga fiscal (IRS, IRC, IVA);
● Os apoios sociais;
● O investimento público e privado;
● As políticas laborais e habitacionais;
● A confiança dos mercados.
Para além destes aspetos, a perceção de estabilidade ou instabilidade política pode impactar o comportamento de investidores e consumidores. Um governo sem maioria absoluta, como o atual, pode enfrentar desafios para aprovar medidas, o que causa uma certa incerteza sobre o rumo da economia a longo prazo.
Como esta economia de Portugal?
Atualmente em 2025, a economia portuguesa apresenta sinais de crescimento moderado, mas enfrenta desafios estruturais que exigem atenção, com alguns riscos associados à conjuntura política e internacional.
Segundo o Boletim Económico do Banco de PortugaVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janelal , o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 2,3 % em 2025, impulsionado pelo consumo privado, pela procura externa e pela execução dos fundos europeus do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência)Você será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela . O investimento e as exportações deverão continuar a contribuir positivamente para o desempenho económico nacional.
A inflação, que foi uma das maiores preocupações dos últimos anos, deverá estabilizar. De acordo com o mesmo boletim, a taxa de inflação deverá situar-se nos 2,3 % em 2025 e descer para 2% entre 2026 e 2027, aproximando-se da meta definida pelo Banco Central Europeu.
De acordo com o mesmo Boletim Económico (março 2025), a economia portuguesa apresenta alguns indicadores que mostram sinais de crescimento, ainda que moderado, com tendências para a habitação e o poder de compra:
● PIB: projeta-se um crescimento de 2,3 % em 2025, acima dos 1,9 % registados em 2024;
● Inflação (IHPC): estimada em 2,3 % para 2025, uma desaceleração clara face aos anos anteriores;
● Emprego: espera‑se um aumento de 1,4 % no emprego, com a taxa de desemprego a manter‑se estável nos 6,4 %;
● Consumo privado: deverá crescer cerca de 2,8 % em 2025, reflexo do aumento da confiança e do rendimento disponível;
● Balança corrente: mantém‑se favorável, representando cerca de 4,5 % do PIB em 2025.
A ReutersVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela indica também que a previsão de crescimento do PIB para 2025 permanece em 2,3%, embora o Banco de Portugal alerte que tensões comerciais poderiam reduzir esse valor em até 0,9 pontos percentuais.
Mercado de trabalho e emprego
No que diz respeito ao mercado de trabalho, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE)Você será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela , os indicadores revelam que a taxa de desemprego situou-se em 6,6% no primeiro trimestre de 2025.
Embora este valor represente uma ligeira melhoria face a períodos anteriores, a criação de emprego continua a depender de sectores específicos, como o turismo, serviços, construção civil e restauração, o que limita a resiliência do mercado de trabalho a longo prazo, no entanto nestes sectores referidos, o número de pessoas empregadas está em máximos históricos.
Instabilidade política e mercados financeiros
Apesar de alguns indicadores económicos positivos, a instabilidade política tem sido uma constante nos últimos anos. Entre 2022 e 2025, Portugal realizou três eleições legislativas consecutivas, um facto inédito que reflete uma fragmentação parlamentar persistente e dificuldades na formação de governos estáveis.
Esta incerteza política pode afetar a confiança dos investidores e dos consumidores, com impacto na atividade económica e na implementação de políticas públicas.
Ainda assim, os mercados financeiros reagiram de forma contida às eleições legislativas. Os juros da dívida soberana mantiveram-se estáveis e o índice PSI da bolsa de Lisboa registou apenas oscilações ligeiras, segundo dados do Jornal de NegóciosVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela .
Em suma, a economia de Portugal em 2025 apresenta uma recuperação moderada, com alguns sinais positivos e encorajadores, mas a base económica do país permanece vulnerável a choques externos e a riscos internos, exigindo uma estabilidade governativa e políticas eficazes para consolidar o crescimento.
A Aliança Democrática (AD), coligação entre PSD, CDS-PP e PPM foi o partido vencedor das eleições legislativas 2025, onde obteve cerca de 1.915.098 votosVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela por parte dos eleitores portugueses.
A AD será responsável por governar Portugal nos próximos 4 anos, e resumidamente apresenta um programa económicoVisualize o ficheiro PDF numa nova janela centrado em três eixos: redução fiscal, aumento da produtividade e reforma do Estado.
De acordo com o programa, as propostas para a economia de Portugal têm como objetivo estimular o crescimento económico e aliviar a pressão sobre os orçamentos das famílias e das empresas. Conheça as principais medidas económicas que a AD pretende implementar no país:
1. Reforma Fiscal
● Redução do IRS até ao 8.º escalão , com cortes entre 0,5 e 3 pontos percentuais, focados na classe média;
● Introdução de um IRS Jovem estrutural, com uma taxa máxima de 15% para rendimentos até aos 35 anos;
● Isenção de IMT e Imposto de Selo para jovens na compra da primeira habitação;
● Redução progressiva doIRC até aos 15% ao longo da legislatura e eliminação gradual da derrama municipal.
2. Habitação
● Criação de um Programa de Apoio à Compra da Primeira Casa pelos JovensEle abrirá em uma nova janela , com garantia pública que permita financiamento a 100% e isenção de impostos iniciais;
● Reformulação do Porta 65 para garantir o apoio antes da celebração do contrato;
● Manutenção de subsídios à renda dinâmicos para famílias com taxas de esforço elevadas;
● Injeção de imóveis devolutos do Estado no mercado habitacional e aplicação de IVA reduzido (6%) nas obras de reabilitação.
3. Aumento da Produtividade e Investimento
● Reforma dos Fundos EuropeusEle abrirá em uma nova janela com foco na transparência e no mérito dos projectos;
● Criação de um regime especial de incentivos fiscais paragrandes investimentos privados e estrangeiros (IDE);
● Medidas para simplificação administrativa e redução de custos de contexto para empresas, incluindo a criação do regime de Grupos de IVA.
4. Metas macroeconómicas
Segundo o cenário macroeconómico da AD expresso no programa eleitoral, estas medidas visam:
● Crescimento do PIB real de 2,5% em 2025 para 3,4% em 2028;
● Queda da taxa de desemprego para 5%;
● Salário mínimo de pelo menos 1.000 euros até 2028 e salário médio a atingir 1.750 euros até ao final da década;
● Redução da dívida pública para menos de 90% do PIB.
Medidas económicas que podem entrar em vigor após as legislativas
Alterações nos impostos e rendimento disponível
O novo governo propõe uma descida gradual do IRS, sobretudo nos escalões mais baixos e intermédios. Entre as medidas já aprovadas e atualmente em vigor, está a isenção de IRS para jovens até aos 35 anos , aplicável a rendimentos até 28.000 euros no primeiro ano de trabalho, com reduções progressivas nos anos seguintes. Estas medidas pretendem aliviar a carga fiscal sobre os trabalhadores, aumentar o rendimento disponível e travar a emigração jovem para o estrangeiro.
Impacto no crédito habitação e nas taxas de juro
O acesso à habitação é uma das maiores preocupações entre os jovens e famílias portuguesas. Entre as propostas da AD para amenizar o problema estão:
● Apoios ao crédito jovem para compra de primeira habitação;
● Benefícios fiscais para senhorios que pratiquem rendas acessíveis;
● Estabilização do mercado de arrendamento.
Contudo, as taxas de juro continuam elevadas, uma vez que são determinadas pelo Banco Central Europeu, não pelo governo português. Ainda assim, políticas que promovam a estabilidade e o crescimento económico podem influenciar positivamente os spreads bancários e as condições de financiamento.
Políticas sociais e apoio às famílias
Apesar de não serem prioridade absoluta no programa da AD, algumas medidas sociais já avançaram com o apoio da oposição, nomeadamente:
● Aumento adicional das pensões mais baixas (1,25% em 2025);
● Reforço de apoios sociais como o abono de família e o complemento solidário para idosos.
É esperado que haja uma negociação contínua no Parlamento em torno destas matérias, dado que nenhum partido tem maioria absoluta.
Aumento do salário mínimo em Portugal
Uma das medidas económicas com maior impacto direto na sua carteira e no rendimento das famílias portuguesas prende-se com o aumento progressivo do salário mínimo nacional.
De acordo com o Programa do Governo da Aliança Democrática (AD)Visualize o ficheiro PDF numa nova janela , o objetivo é que o salário mínimo atinja os 1.100 euros até ao final da legislatura, ou seja, até 2029. Segundo avança o jornal PÚBLICOVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela , ao que tudo indica o atual governo está comprometido em avançar gradualmente com o aumento salarial.
Atualmente fixado nos 870 euros, este aumento será faseado e dependerá da evolução da produtividade e das condições económicas do país. A proposta integra um plano mais amplo para a valorização do trabalho e o combate à pobreza, com o objetivo de aumentar o crescimento económico do país, o que se reflete também numa melhoria real dos salários.
O programa do governo prevê igualmente medidas para estimular o aumento do salário médio nacional, que deverá passar dos atuais 1.525 euros para 2.000 euros até ao final da década. Estas metas estão alinhadas com uma estratégia que visa reforçar a competitividade da economia portuguesa e atrair e reter talento, reduzindo a pressão da emigração jovem.
Embora as metas sejam ambiciosas, a realização das mesmas necessitará de estabilidade política, capacidade orçamental e colaboração entre os partidos políticos, parcerias sociais e empresariais.
O que pode fazer para se preparar financeiramente
Apesar da vitória da AD nas eleições em Portugal e da expectativa de alguma estabilidade, a incerteza política e a necessidade de negociações constantes para a aprovação de medidas poderão tornar o ambiente económico no país um pouco volátil.
Mesmo com as metas econômicas propostas pelo atual governo, que incluem cortes nos impostos, apoios à habitação e incentivos à poupança e ao investimento, muitas dessas propostas dependem ainda de aprovação parlamentar e da capacidade orçamental do Estado.
No final será o orçamento do Estado a definir quanto o governo pode gastar, onde investir e como financiar essas despesas. Por isso, a estabilidade orçamental e política é fulcral para que as medidas económicas tenham um impacto real na vida dos portugueses.
Apesar das perspetivas positivas, dados da União EuropeiaVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela mostram que o crescimento económico de Portugal relativamente ao PIB per capita ainda está abaixo da média europeia, a elevada dívida pública e a vulnerabilidade externa exigem cautela. A implementação das reformas econômicas será gradual, e os seus efeitos só deverão ser sentidos de forma mais percetível ao longo dos próximos anos.
Dicas práticas para proteger as suas finanças
Tendo este cenário em vista, é importante adotar uma postura de gestão financeira prudente, com foco na resiliência pessoal e familiar. Eis algumas dicas úteis:
● Ajuste o seu orçamento familiar para acomodar possíveis alterações fiscais ou de rendimento.
● Aconselhe-se com o seu gestor caso pretenda contrair um crédito de longo prazo dada a maior imprevisibilidade nas taxas de juro.
● Reforce a sua poupança mensal, mesmo que em pequenas quantias.
● Abra uma conta poupança para o ajudar a criar o hábito de poupar dinheiro e preparar-se para imprevistos ou atingir objetivos financeiros pessoais. Saiba quais as soluções de poupanças que o ABANCA tem para lhe oferecer.
● Informe-se sobre os apoios públicos disponíveis , quer sejam fiscais, sociais ou relacionados com habitação.
● Acompanhe regularmente as atualizações sobre novas medidas no site oficial do governoVocê será redirecionado para outro site e ele abrirá em uma nova janela e meios de comunicação credíveis.
Agora que sabe as medidas e intenções económicas que o governo tenciona implementar em Portugal após as eleições as eleições legislativas 2025, está mais informado sobre o que esperar da economia em Portugal e como deve gerir a sua vida financeira.
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